10 de outubro de 2013

Falta do Enem deixa alunos fora do Ciência sem Fronteiras

O Ministério da Educação (MEC) mudou as regras do edital do programa de graduação sem aviso prévio e três dias antes do prazo final de inscrição do exame para 2013.
Desde que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se tornou obrigatório para a seleção do programa de bolsas no exterior Ciência sem Fronteiras (CsF), em junho, candidatos de graduação nas principais universidades do país, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto Militar de Engenharia (IME), foram pegos de surpresa e não conseguirão participar do intercâmbio.
O Ministério da Educação (MEC) mudou as regras do edital do programa de graduação sem aviso prévio e três dias antes do prazo final de inscrição do Enem 2013. Mesmo quem se inscreveu para a prova deste ano não poderá usar a nota, já que a prova será realizada depois da divulgação das convocações do primeiro semestre.
Os alunos que se prepararam exclusivamente para os vestibulares dessas instituições – os mais concorridos e difíceis do País – não precisaram fazer o Enem porque o exame não é usado para a composição da nota. Essas instituições são fortes nas engenharias – áreas consideradas estratégicas para o programa. Os alunos mais experientes também estão entre os principais prejudicados. Quem está perto dos 90% de conclusão do curso, limite para se inscrever no CsF, tem maior probabilidade de ter feito o Enem antes de 2009, quando a prova tinha outro formato e menos adesão.
É o caso de Vitor Sanches Figueiredo, de 23 anos, aluno do 4.º ano de Engenharia Mecânica e de Automóvel do IME. Ele fez o Enem em 2007 e obteve nota 90 de 100. Só para participar do CsF, se inscreveu na prova neste ano, mas não vai poder utilizar a nota para o intercâmbio deste semestre. Pior: está perto de se formar e não vai mais conseguir participar do programa e fazer o curso de motores de alto desempenho, que não existe no Brasil. “Criaram um critério para selecionar os alunos com melhores notas pelo Enem, mas eliminaram outros que poderiam ir pelo critério de excelência acadêmica.”
Já Rodrigo Bisaia, de 21 anos, aluno de Engenharia Química da Unicamp, não pôde fazer o Enem em 2009, quando prestou vestibulares, porque a prova vazou e foi remarcada pelo MEC na data em que já ele tinha outro exame. No mesmo ano passou no vestibular da Unicamp e não precisou refazer o Enem. “Trabalhei quatro anos para o sonho do intercâmbio, que parece mais distante agora”, lamenta o estudante.
Recusa
Só na Unicamp, dos 153 homologados no último edital do CsF, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) recusou 13 apenas por causa do Enem. Segundo Laura Sterian Ward, coordenadora do CsF na Unicamp, os alunos inscritos no exame de 2013 poderão participar da chamada 143, para os Estados Unidos. No entanto, o mesmo não se aplicará às demais chamadas para Japão, Hungria, Alemanha e Canadá. “A resposta da Capes foi de que não haveria tempo hábil para esperar pela divulgação dos resultados do Enem para as outras chamadas”, afirma. A coordenadora do programa no ITA, Maryangela Geimba, completa: “Nos editais anteriores, havia indicação de uso do Enem para casos de se ter muitos candidatos inscritos (como desempate), mas nunca foi falado em obrigatoriedade.”
Já para o diretor da Escola Politécnica (Poli) da USP, José Roberto Cardoso, a situação é injusta. “Às vezes, o aluno quer se preparar para uma universidade que tem interesse e não se preocupa com Enem, o que acontece com alunos da Poli, da Unicamp e ITA.”
A Capes informou que os alunos que não fizeram o Enem entre 2009 e 2012 não poderão participar dos editais deste ano e não serão abertas exceções. “O governo federal não abre mão do Enem como o principal critério de seleção de candidatos à bolsa de estudo no programa Ciência sem Fronteiras.”

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