Sonho de todo estagiário, a conquista da vaga efetiva depende muito do comportamento do acadêmico, que não pode se contentar em fazer o mínimo.
Quem está em um estágio sabe que o último ano de faculdade não é época para preocupar-se apenas com o trabalho de conclusão de curso ou com a formatura. Nessa fase é difícil tirar da cabeça a expectativa do que vai acontecer com o futuro profissional. A cada chamado do chefe para uma conversa, perdura a dúvida: a notícia será sobre o início de uma carreira, ou sobre o fim da participação na empresa?
Se não evitada, a angústia da dúvida pode ser ao menos amenizada, se desde o início o universitário for criterioso na escolha e optar por uma empresa que leva a sério o programa de estágio. Nessas organizações, os gestores informam, já na entrevista, se há ou não possibilidade de efetivação, quantas vagas efetivas estarão disponíveis e até os critérios pelos quais os estagiários serão julgados
Mas, se no seu caso a situação não está tão clara, o melhor a fazer é tomar a iniciativa e mostrar seu desejo de ser contratado, com respeito e profissionalismo. “É preciso ser honesto, conversar com o gestor, demonstrar interesse em permanecer na empresa e perguntar se há alguma chance de efetivação”, recomenda Maria Tereza Ferrabule Ribeiro, diretora de Gestão Estratégica de Pessoas do Grupo Uninter. Quando a resposta for negativa, é melhor dar início a busca por uma nova oportunidade, diz a professora.
“Quando surge a dúvida quanto à efetivação, a primeira coisa a fazer é jogar limpo. Se o estagiário souber que não vai ser contratado, nada o impede de buscar uma nova vaga, mas é importante que a empresa na qual trabalha fique sabendo.”
Samir Bazzi, coordenador do Núcleo de Empregabilidade e Empreendedorismo da FAE.
Existem anúncios de estágio que já adiantam que a intenção da empresa não é efetivar os estudantes no fim do contrato, mas, sim, capacitá-los para facilitar seu ingresso no mercado de trabalho. É a realidade de muitas companhias que trabalham com alunos dos cursos de Engenharia, por exemplo, área na qual o conhecimento técnico se adquire, principalmente, pela prática cotidiana.
“Há empresas que assumem esse papel de formação para o mercado e realmente ensinam os estagiários. Quem participa desses programas, mesmo não sendo efetivado, consegue colocação rápida em indústrias”, diz a professora Elza Rumiko, supervisora do núcleo de estágios do Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba).
Apesar das muitas culturas corporativas nas quais um estagiário pode se encontrar, especialistas na área de empregabilidade são unânimes em afirmar que a obtenção de sucesso, seja a efetivação ou uma generosa recomendação para outras empresas, está no comportamento de que está no estágio ao longo dos meses de contrato. Confira algumas atitudes que podem garantir destaque em qualquer avaliação corporativa e, como se espera, aproximá-lo da efetivação:
Supere expectativas
Sempre faça algo além do que foi pedido, mesmo nas tarefas simples, como fotocopiar documentos ou enviar e-mails. Assimile o hábito de pensar: “Como posso fazer isso melhor?” Esse é o segredo de todo grande inovador, e também dos ex-estagiários efetivados, como a estudante de Publicidade e Propaganda Daniele Lara, do Centro Universitário Uninter. “É preciso se preocupar em superar as expectativas que a equipe tem de você”, diz Daniele, que depois de seis meses de estágio é uma das mais novas assistentes de atendimento da agência de propaganda Opus Múltipla.
Mostre-se interessado
Se há algo que desanima muito os gestores é perceber que contrataram alguém que está ali apenas por causa da bolsa, e que não faria diferença se estivesse na empresa “A” ou “B”. Por isso, mostre que você realmente se interessa por aquilo que a empresa faz e pela área em que está inserida, mesmo que a atividade que desempenhe no estágio seja simples. “Envolva-se, procure conhecer o negócio e se posicione dentro do grupo no qual está”, recomenda Karen Pedroso da Silva, ex-estagiária, hoje efetivada na Unilever, e aluna do curso de Administração na FAE Centro Universitário.
Seja legal com os colegas
Ninguém precisa adotar outra personalidade para conseguir uma efetivação, mas algumas atitudes virtuosas são universais e tornam qualquer pessoa mais agradável, seja o estagiário introvertido ou extrovertido. Cumprimentar os colegas diariamente, por exemplo, é um gesto simples, mas a falta dele marca negativamente. Sorrir, oferecer ajuda e olhar nos olhos enquanto conversa também estão no pacote básico da gentileza.
Se quer ficar, diga
Livre-se do excesso de cuidado para não parecer “atrevido”. Falar ao gestor que quer ficar pode ser um enorme diferencial numa disputa pela vaga, porque essa tomada de iniciativa costuma ser rara e mostra uma determinação elogiável. Basta usar a linguagem e o momento adequados para isso, lembrando-se de agir com humildade, não falar mal dos outros colegas e ser sucinto no assunto.
Faculdade pode ser parceira importante na conquista de vaga efetiva
Um apoio importante para o aluno que almeja a efetivação num estágio é buscar aconselhamento em núcleos de estágio, presentes em praticamente todas as universidades e centros universitários.
Em geral, essa ajuda é gratuita em instituições públicas e não inclui custos adicionais para quem já paga mensalidade, no caso das instituições privadas.
O Núcleo de Empregabilidade e Empreendedorismo da FAE Centro Universitário, por exemplo, auxilia inclusive ex-alunos que queiram estabelecer um plano para suas carreiras. Para os graduandos que firmam contratos de estágio tendo a instituição como mediadora, é oferecido acompanhamento constante.
“A cada seis meses as empresas nos passam suas avaliações sobre os estagiários e nós temos assumido o papel de ajudar os alunos a superar suas dificuldades no desempenho do trabalho”, diz o professor Samir Bazzi, coordenador do núcleo. Conforme conta, algumas empresas pedem até para saber como está o rendimento acadêmico de seu estagiário, e incluem esse critério na avaliação final.
Lei de 2008 mudou o estágio no país
Em vigor há cinco anos, a Lei 11.788/08, chamada de nova lei do estágio, mudou o início da vida profissional de muitos estudantes. Entre as principais mudanças para os universitários estão o limite de jornada de seis horas por dia e 30 semanais; o limite de duração do contrato, que deve ter o máximo de dois anos; a exigência de concessão de bolsa-auxílio e vale-transporte (com exceção dos estágios obrigatórios), recesso remunerado de 30 dias, desde que o contrato tenha duração igual ou superior a 12 meses.
Fonte: Gazeta do Povo
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