Os estudantes da Universidade de Minnesotta oferecem-nos as seguintes opções:
(a) Um engenheiro que fabrica produtos químicos
(b) Um químico que trabalha em uma fábrica, ou
(c) Um glorioso encanador?
A resposta, como pode-se imaginar, é nenhuma das alternativas. Então, para respondermos à pergunta (do título) em uma única frase, e com certo grau de arrogância, poderíamos dizer que o engenheiro químico é uma espécie de “engenheiro universal”. Por possuir uma sólida formação em matemática, física, mecânica dos fluidos, transferência de calor e de massa, termodinâmica e cinética química e, sobretudo, devido à sua forte interação com os processos oriundos da aplicação da química, está apto a abordar um número mais diversificado de problemas do que os engenheiros mecânicos, civis e eletricistas. Estes problemas certamente vão muito além do que a palavra “químico” sugere no termo “engenheiro químico”. Em suma, o engenheiro químico é um profissional capaz de abordar e resolver problemas de engenharia onde aspectos físicos, químicos, e físico-químicos são relevantes tanto em termos de processo quanto de produto. Muito amplo? Bem, é por isso que somos “universais”.
Recentemente, o American Institute of Chemical Engineers (AIChE), compilou uma lista das “10 Maiores Conquistas da Engenharia Química” deste século. Entre os produtos envolvidos nesta lista, alguns constituem verdadeiros triunfos da humanidade:
1. Isótopos radioativos: Sua separação e desintegração permitem que sejam utilizados amplamente na medicina para monitorar o funcionamento do organismo, identificar artérias e veias bloqueadas, identificar mecanismos metabólicos; são ainda utilizados por arqueólogos para datação de artefatos, entre outras aplicações.
2. Plásticos: Foi somente com a contribuição da engenharia química do Século 20 que se viabilizou a produção em massa e econômica de plásticos. Desde a baquelite (em 1908) até os plásticos modernos, foi essencial o desenvolvimento de operações unitárias para a produção de plásticos em larga escala.
3. Artefatos biomédicos: O conceito de operações unitárias foi também decisivo para o sucesso de órgãos artificiais (rins, corações, etc) e implantes, além do desenvolvimento de artefatos terapêuticos e de diagnóstico.
4. Medicamentos: Desde a descoberta da penicilina, em 1929, foi essencial a participação da engenharia química no aumento do rendimento para a produção em massa de antibióticos e outros medicamentos a custos relativamente baixos. É indispensável a participação do engenheiro químico na produção de fármacos em escala comercial.
5. Fibras sintéticas: A utilização de fibras sintéticas na produção de colchões, travesseiros, meias de nylon, coletes a prova de balas, e uma infinidade de outros artigos de uso cotidiano, permitiu a substituição do algodão e da lã, tornando a nossa vida mais confortável e atraente.
6. Gases puros: A liquefação do ar a 160ºC abaixo de zero permite a separação de seus componentes. O nitrogênio é utilizado na recuperação de petróleo, congelamento de alimentos, produção de semicondutores e como gás inerte em várias reações; o oxigênio é utilizado na fabricação do aço, na soldagem de metais, e em aparelhos de respiração artificial, entre outras aplicações.
7. Conversores catalíticos: O desenvolvimento de conversores catalíticos automotivos e o aumento da octanagem da gasolina são dois bons exemplos de como os engenheiros químicos contribuem para a redução dos problemas ambientais gerados pela vida moderna. Através de técnicas apropriadas, a redução da poluição é também alcançada com a substituição de compostos naturais por compostos sintéticos, através de processamento mais eficiente e tecnologias de reciclagem.
8. Fertilizantes: A produção de fertilizantes é uma das grandes conquistas da humanidade. A necessidade de se fixar o nitrogênio do ar e da incorporação do potássio e do fósforo na composição de produtos adequados ao solo permitiu um aumento sem precedentes na produção de alimentos, sem o qual o crescimento populacional humano teria sido freado pela escassez ou insuficiência de alimentos.
9. Produtos petroquímicos: O desenvolvimento do craqueamento catalítico, que permite a quebra de compostos oriundos do petróleo em moléculas básicas viabilizou a produção em larga escala de gasolina, óleo diesel, óleos lubrificantes, borracha e fibras sintéticas. A tecnologia petroquímica transformou a vida moderna e permitiam a fabricação a baixo custo de inúmeros bens duráveis e de consumo.
10. Borracha sintética: A produção de borracha sintética, bem como a de combustíveis líquidos, constituiu-se em um fator de fundamental importância na Segunda Guerra Mundial. O destino da humanidade poderia ter tido outro desfecho não fosse pela capacidade de se produzir pneus e outros artefatos de borracha. Nossos meios de transporte dependem muito das borrachas sintéticas, sejam automóveis, ônibus ou caminhões, ou mesmo aviões, bicicletas e patins, sem contar o tênis nosso de cada dia.